Técnicos debatem o controle da aftosa na América do Sul na 46ª reunião da Cosalfa

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Representantes do serviço veterinário oficial do Pará, Mato Grosso e Rio Grande do Sul [Foto: Raíssa Freitas]

Dezenas de autoridades sanitárias e responsáveis pelos programas de combate à febre aftosa nos países da América do Sul reuniram-se na Colômbia para debater ações estratégicas de enfrentamento e erradicação da doença. Com representantes de diversos estados, entre eles o Rio Grande do Sul, o Brasil participou da 46° reunião da Comissão Sul-Americana para a Luta Contra a Febre Aftosa (COSALFA), que ocorreu no dia 2 de maio, em Cartagena das Índias.

Representando o serviço oficial do Estado, participaram as fiscais estaduais agropecuários Lucila Carboneiro, coordenadora do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), e Rosane Colares, chefe da Divisão de Defesa Sanitária Animal da Seapdr. Cada país falou sobre a situação da doença de acordo com a sua realidade.

“O que ficou bem claro é a dificuldade da Colômbia trabalhar em função da situação da Venezuela”, ressaltou Lucila. A veterinária explica que os focos da Colômbia, em 2017 e 2018, estão diretamente relacionados à situação sanitária da Venezuela, que possui uma cobertura vacinal baixa. Em função da crise que vive o país, os produtores não conseguem ter acesso às vacinas, cenário este que impacta os países vizinhos.

O representante do Brasil, Geraldo Moraes, diretor do departamento de Saúde Animal e Insumos Pecuários da Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, informou que o país seguirá o plano estratégico para a evolução do status sanitário para livre da doença sem vacinação, medida que tem como objetivo fortalecer o sistema de defesa dos estados e em todo o território nacional. Segundo Lucila, o Brasil reiterou interesse em colaborar para a criação e manutenção de um banco de vacinas e antígenos – local onde são mantidas vacinas como segurança em casos de necessidade de utilização em áreas que pararam de vacinar – juntamente com o Uruguai e Guiana.

A Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro) considera que a evolução do status do Rio Grande do Sul para livre de febre aftosa sem vacinação é extremamente importante para que seja possível alcançar mercados como a União Europeia, que remuneram mais os alimentos de origem animal. “Este avanço é determinante para o comércio internacional de suínos, bovinos e ovinos”, avalia o presidente da entidade, Antonio Augusto Medeiros.

Seminário preparatório

Nos dois primeiros dias do evento (29 e 30/4) ocorreu o seminário pré-Cosalfa, com palestras técnicas sobre o controle da febre aftosa na América. O serviço oficial colombiano apresentou casos de controle de focos em 2017 e 2018, em três regiões diferentes do país, com número de animais sacrificados, cronologia dos focos e as medidas adotadas para conter a doença. Um general da polícia fiscal e aduaneira da Colômbia falou sobre a detecção e controle de contrabando e também sobre o trabalho integrado com o serviço oficial para conter os focos.

Durante o seminário, Lucila e Rosane apresentaram estratégia de vigilância ativa para mitigação do risco de reintrodução da febre aftosa no RS baseada em avaliação de riscos multicritérios. “A participação dos serviços oficiais no Cosalfa é de fundamental importância para a atualização dos colegas. Além de possibilitar compartilhar conhecimentos sobre o tema, também oportuniza a integração entre os países e a divulgação dos trabalhos realizados no Estado”, avalia Lucila.

Os representantes do Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa) apresentaram palestras sobre gestão de riscos para redução de vulnerabilidades; avaliações dos componentes do sistema de vigilância para a febre aftosa com relato de um estudo de caso no Uruguai; redes de movimentação de bovinos e riscos de propagação do vírus da febre aftosa, entre outros assuntos abordados. Os técnicos do Panaftosa também abordaram a situação atual do vírus da febre aftosa no mundo, incluindo os diferentes tipos de vírus circulantes em cada região, além de atualização de sistema de notificações de enfermidades vesiculares.

Saiba mais sobre a COSALFA: A Comissão Sul-Americana para a Luta Contra a Febre Aftosa (COSALFA) foi criada em 1972, com o propósito de avaliar o andamento dos programas nacionais de controle e erradicação da doença na América do Sul. É formada por 26 representantes de 13 países do Continente Americano, sendo um representante do serviço veterinário oficial nacional e outro do setor privado. Os países membros são: Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Venezuela e Uruguai.

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