A proibição de importação de carne de frango do Brasil por parte da União Europeia é resultado da falta de fiscalização do Estado sobre frigoríficos e abatedouros. A afirmação é do presidente da Afagro Antônio Augusto Medeiros. Para a entidade, a fiscalização agropecuária é uma função de Estado e deve ser incrementada justamente para evitar essas perdas de divisas para o produto brasileiro. Para Medeiros, no entanto, o que se vê são Governos trabalhando no sentido de precarizar o trabalho dos fiscais agropecuários, tanto em âmbito estadual como federal. Para o dirigente, nesse ritmo, o problema da exportação de proteína animal brasileira só tende a aumentar.
Entra em vigor nesta quarta-feira (16/05) a proibição de importação de carne de frango de 20 frigoríficos brasileiros – 12 deles pertencentes à BRF – pelos países que compõem a União Europeia. A decisão foi tomada pela Comissão Europeia em abril, após a terceira etapa da Operação Carne Fraca.
A primeira etapa da Operação Carne Fraca, deflagrada em março de 2017, teve origem numa denúncia de um fiscal agropecuário federal, servidor público concursado. Já a Operação Trapaça – terceira fase da Carne Fraca – teve como alvo a BRF, dona da Sadia e Perdigão. O grupo é investigado por fraudar, junto com um laboratório terceirizado pelo Ministério da Agricultura (Mapa), resultados de análises laboratoriais relacionados à contaminação pela bactéria Salmonella pullorum.
Com a limitação da exportação para o mercado europeu, a expectativa é de que aumente a oferta no mercado interno, o que tornará o frango mais barato momentaneamente para o consumidor brasileiro. Por outro lado, poderá resultar em demissões no setor. As vendas para a União Europeia já vinham apresentando quedas. De acordo com o Ministério da Agricultura, no ano passado, o Brasil exportou 201 mil toneladas para o bloco. Em 2007, chegou a exportar 417 mil toneladas. Em valores, no ano passado, foram exportados US$ 765 milhões em frango.
Particularmente no RS, os fiscais agropecuários estaduais, além de atuarem com os salários em atraso, enfrentam déficit de pessoal. A convocação de candidatos aprovados no último concurso do Ministério da Agricultura (Mapa) fez com que 12 servidores da Secretaria Estadual da Agricultura (Seapi) migrassem para o serviço federal. Mas o número total pode chegar a 30. Somado a isso, a Afagro alerta que cerca de 100 servidores da secretaria estão prestes a se aposentar.
