Na corrida pelas aposentadorias na Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr), pelo menos 15 municípios perderão veterinários, agrônomos e engenheiros florestais do serviço oficial. Os dados são de levantamento preliminar feito pela Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro).
“Perderemos uma força de trabalho muito grande”, projeta o presidente da Afagro, Antônio Augusto Medeiros. Na avaliação do dirigente, em breve a população começará a sentir o impacto na prestação de serviços públicos. Até o momento, os dados parciais mostram que pelo menos 236 servidores solicitaram a aposentadoria – número que corresponde a 18% dos servidores que atuam na defesa agropecuária.
Entre as dezenas de histórias, está a do veterinário Revir Eloy Milani, do município de Rodeio Bonito, no Norte do Estado. Somando 39 anos de serviço público, o servidor se deslocou esta semana até Porto Alegre para encaminhar o pedido de aposentadoria na Divisão de Pessoal da Seapdr. Aos 62 anos, ele pretendia trabalhar até os 65, pelo menos. “Pela minha condição física, pela minha saúde, poderia contribuir um pouco mais com meu trabalho”, lamentou.
Para tomar a decisão, Milani conversou com a família, com colegas e com amigos. Diante do cenário que se desenha, resolveu pela aposentadoria. “A minha vida foi a Secretaria da Agricultura. Foi uma situação muito difícil, eu queria ficar, mas infelizmente tive que pensar na minha situação financeira e no futuro da minha família”, explicou. O que motivou o veterinário foi a ameaça de perder direitos, como os 40% da insalubridade, entre outros.
Enquanto se prepara para a despedida, o servidor demonstra preocupação com o que restará do que foi construído ao longo das últimas quatro décadas. “Vai desmantelar as regionais e as inspetorias por falta de gente”, prevê Milani, que há três anos estava no abono permanência – benefício de 50% concedido ao servidor público que, tendo completado os requisitos para se aposentar, permanece em atividade.
Números da Seapdr
Conforme dados de setembro de 2019 do Portal da Transparência, a Seapdr tem 1413 servidores na ativa, incluindo motoristas, por exemplo. Entretanto, segundo o relatório elaborado pela Defesa Sanitária Animal da pasta para a Comissão Sul-Americana para a Luta Contra a Febre Aftosa (COSALFA), os servidores que atuam diretamente com defesa agropecuária são 1293, aproximadamente. Deste total, 367 são fiscais estaduais agropecuários e 287 são técnicos agrícolas, de acordo com o Portal da Transparência.
Municípios que perderão agrônomos, engenheiros florestais e veterinários oficiais
1. Carlos Barbosa
2. Caxias do Sul
3. Cruz Alta (2)
4. Dona Francisca
5. Erechim (3)
6. Flores da Cunha
7. Guaíba
8. Herval
9. Ibiraiaras
10. Piratini
11. Porto Alegre
12. Santa Cruz do Sul
13. Santa Maria (2)
14. Santa Vitória do Palmar
15. Tapejara
Foto: Dreslei Barcelos