Capítulo 1 – Especial #Afagro20anos
A união de esforços para lutar pela criação do cargo de fiscal estadual agropecuário e do quadro impulsionou uma mobilização que, em 2003, resultou na fundação da Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (Afagro). As articulações começaram entre os anos de 2000 e 2002, após ideia que surgiu em reunião da área vegetal em Cruz Alta.
O diálogo entre servidores de formações distintas, porém com atribuições de fiscalização semelhantes, gerou uma aproximação entre duas entidades já existentes: a Associação dos Médicos Veterinários da Secretaria da Agricultura (Amvesa) e a Associação dos Fiscais do Rio Grande do Sul (Afiergs), que representava os engenheiros agrônomos que atuavam na fiscalização.
As duas associações precursoras da Afagro foram fundadas entre 1985 e 1988. “Havia uma cisão bem grande entre agrônomos e veterinários. A aproximação foi, inicialmente, para unir forças, não necessariamente para fundir as duas associações”, lembra o engenheiro agrônomo Claudir Santa Catarina, um dos sócios-fundadores da Afagro, sobre o cenário da época.
Antecessoras foram o embrião
A Amvesa tinha um caráter reivindicativo e, ao mesmo tempo, social – a associação era um ponto de referência e encontros entre os servidores da categoria durante a Expointer, por exemplo.
Já a Afiergs tinha um foco classista e se dedicava exclusivamente aos aspectos funcionais – foi idealizadora e autora do primeiro projeto de criação do cargo e do quadro de fiscal estadual agropecuário.
O médico veterinário Fanfa Fagundes Barboza, que foi o primeiro presidente da Afagro e presidiu a Amvesa, reconhece a importância da mobilização feita na época pelos colegas engenheiros agrônomos. “Foram os primeiros movimentos que fizeram antagonismo ao governo”, recorda Fanfa.
Ambas as associações estavam inativas quando os servidores decidiram retomar os trabalhos e deixar tudo certo na parte documental para, então, no ano seguinte, fazer a fusão das duas e criar a Afagro.
Função de Estado
Fanfa, que na época residia e trabalhava em Santa Maria, fez 22 viagens a Porto Alegre só no ano de 2003 em razão da criação da associação. Toda esta movimentação ocorreu no início do governo Germano Rigotto (2003 – 2006). O secretário da Agricultura era Odacir Klein.
O servidor aposentado lembra a importância da atuação da colega Flavia Muradas Bulhões, engenheira florestal, nos trâmites burocráticos junto ao cartório. Isto porque o pai de Flavia, o advogado Abade Pereira Bulhões (in memoriam), foi fundamental neste processo.
“Ele nos auxiliou na elaboração do estatuto da Afagro. Também informou que a função de fiscal era uma função de Estado e que havia diferença em relação às demais funções dos técnicos-científicos”, lembra Flavia, que atuou na Secretaria da Agricultura de 1998 a 2006 e atualmente é servidora da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs).
Flavia recorda, ainda, que o pai indicou o colega advogado Osvaldo Peruffo (in memoriam), para ajudar com argumentos na defesa da criação do cargo. Ambos não cobraram nada pelos serviços realizados.
Reportagem: Bruna Karpinski